Engenheiro Ezequiel Campos
Nasceu a 12 de Dezembro de 1874, filho de Albino José Pereira de Campos e de Carolina de Azevedo; seu pai alfaiate de ofício, era um homem apaixonado pela música e fundou em Beiriz uma banda, conhecida pela «banda do Bouças» que entre 1865 a 1885 animou as festas e romarias da Póvoa e Concelho.Com apenas seis anos de idade ficou órfão de mãe mas encontrou no tio Joaquim, irmão daquela, recentemente regressado do Brasil e ora comerciante na cidade do porto, um outro pai a quem ficou a dever os estudos e carreira. Foi na vila da Póvoa de Varzim que fez os primeiros estudos revelando-se possuidor de invulgar capacidade intelectual, mais tarde, brilhantemente afirmada na Academia Politécnica do Porto onde se formou, em 1898, em engenharia civil, industrial e minas. […] A Póvoa de Varzim escolheu-o para deputado às Constituintes da 1ª República (1911) onde veio a desenvolver notória acção, apresentando vários projectos de lei. […]
O Eng.º Ezequiel de Campos viveu a maior parte da sua vida na casa do Mosteiro, em Leça do Balio, que adquirira entre os anos vinte e trinta. Aí morreu em 26 de Agosto de 1965, deixando viúva D.ª Isolina Mendes Campos, senhora natural de Beiriz, dotada de grandes virtudes humanas e cristãs e que sempre acompanhou o marido em extrema dedicação.
Conselheiro Delfim Flores
Nasceu a 22 de Março de 1872. Filho único de João Martins flores e de sua 2ª. esposa Ana Rita de Jesus, frequentou a Escola Primária Minerva na Póvoa de Varzim e daí transitou para o Liceu de Braga. Em 1890 matriculou-se na Universidade de Coimbra vindo a formar-se em Direito em 1895. Regressado à terra, com o partido regenerador no poder local logo este agenciou a sua transferência da Vila de Amares, onde havia sido colocado como subdelegado, para a Póvoa, sendo-lhe entregue o cargo de Administrador do Concelho que exerceu até Fevereiro de 1897. Neste ano contraiu matrimónio com Dona Julieta Loureiro, sua vizinha, filha de capitalista brasileiro António Francisco Loureiro, do mesmo lugar de Fraião. Em 1898 foi eleito, pelo mesmo partido, para a Câmara da Póvoa da qual foi Presidente no triénio 1899-1901. […] Ainda serviu como Provador da Misericórdia e, à data da sua morte, ocorrida em 18 de Julho de 1948, presidia à Comissão de Obras da Basílica do sagrado Coração de Jesus que os Padres Jesuítas estavam a construir na Vila Velha.
[…] Quando da sua morte, o jornal «Ideia Nova» publicou uma extensa biografia que remata assim «Chefe de família exemplar e católica praticante, defendeu sempre, com intransigência, os elevados princípios da sua religião, que conhecia profundamente. […]»
Professor Doutor Abel Pereira
Nasceu no lugar da Pedreira, em 1 de Dezembro de 1907, filho dos proprietários sr. Manuel Gonçalves Pereira e D. Francisca do Eirado e Silva. Estudou na Póvoa e no Porto em cuja Universidade se licenciou, na Faculdade de Farmácia, com elevada classificação pelo que, algum tempo depois, era agregado ao seu corpo docente. O currículo escolar do Dr. Abel Pereira desenvolveu-se, rapidamente, como fruto da sua capacidade de estudo, da sua brilhante inteligência e do seu apego pela docência: em 1936 é Assistente de Química; em 1939, Professor auxiliar de Química e Química Farmacêutica Inorgânica; […].
Quando ainda muito havia a esperar da sua fecunda inteligência, foi atingido pela doença que, em pouco tempo, o levou à sepultura. Contava 50 anos de idade, quando faleceu a 7 de Dezembro de 1957.
Padre Joaquim Martins Torres
Nasceu em Beiriz a 25 de Fevereiro de 1883, filho de abastados lavradores do lugar do Xisto, António Martins Torres e Ana Custódia Martins. Feita a instrução primária matriculou-se em 1898, no Instituto Municipal Luís António, da Póvoa de Varzim, para fazer um ano de Primária Complementar habilitando-se ao exame de admissão ao Liceu de braga realizado em 14 de Agosto de 1899 no qual obteve plena aprovação. Era este o caminho que seguiam, naquele tempo, os candidatos, ao Sacerdócio que depois iam frequentar o Seminário menor de S. António e S. Luiz Gonzaga e o Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo, no campo de Santiago. Neste seminário foi dos primeiros alunos a estudar Filosofia Tomista ministrada pelo sábio P.e Martins Capela. Durante o curso Teológico recebeu Ordens Sacras para o que os seus pais lhe fizeram património eclesiástico, em 4 de Janeiro de 1906 vindo a ordenar-se de Presbítero no ano de 1907. Entretanto a saúde abalara-se, obrigando-o a pedir o prorogamento do exame para Confessor indispensável ao acesso à vida paroquial. […]
De saúde débil o Senhor Padre Torres não resistiu às canseiras da vida paroquial e, acometido de grave doença, pediu e exoneração, retirando-se para a casa paterna. […] .
Depois dos setenta anos, as suas obrigações de professor reduziram-se embora a sua disponibilidade fosse sempre total. E quando nada o fazia esperar, um incómodo impertinente levou-o a internar-se na Casa da Saúde de S. Lázaro, em Braga onde viria a falecer em 6 de Dezembro de 1960. Está sepultado, em Beiriz, no jazigo da família.
Padre José Cascão
Nasceu no lugar de Paredes a 11 de Dezembro de 1874 e era filho de lavradores do lugar de Paredes Manuel Gonçalves Cascão e Maria Rita Ferreira.
Aprendeu as primeiras letras com o célebre Maneta, apelido do mestre-escola Francisco Rodrigues Maio, da rua da Madre de Deus, na Póvoa de Varzim mas logo ingressou na Escola Silva Azevedo, de Beiriz, como aluno do professor oficial José Joaquim Rodrigues dos Santos que o apresentou a exame de Ensino Primário Elementar. Os pais destinavam-no à lavoura mas o jovem não se mostrou nada interessado por essa actividade, já com 14 anos, voltou aos estudos, agora, no Instituto Municipal da Póvoa de Varzim, e logo depois no Seminário de Braga. Concluindo o curso Teológico, ordenou-se sacerdote em 31 de Julho de 1898, e celebrou a 1ª. Missa na freguesia de Terroso de onde era natural a mãe e o tio P.e Lino Ferreira.
[…] Foi braço direito do P.e José Amorim na última fase do jornal «A Estrela Povoense». Jornalista sóbrio, de estilo apurado, deixava fluir as ideias com toda a clareza mesmo quando tinha que rebater certas ideologias laicistas e anárquicas muito em voga na primeira república.
O Sr. P.e José Cascão passou os últimos anos da sua vida em casa do sobrinho, no lugar de Calves, aí faleceu no dia 14 de Novembro de 1961 contando 87 anos de idade.
O colonizador José Gonçalves da Costa Beiriz
Nasceu no lugar de Cuteres, em 12 de Setembro de 1843. Embarcou para o Brasil na companhia do pai, já viúvo, e mais dois irmãos, aí por 1857, com destino ao Rio de Janeiro. As pestes que grassavam nessa cidade impediram o desembarque, e acabou esta família por ser despejada, com muitas outras, nas praias do Espírito Santo vindo a fixar-se na vila de Benavente onde encontrará bastantes portugueses. O pai destinou-o ao comércio conseguindo empregá-lo, como marçano, na loja de um patrício. Pouco tempo se aguentou nessa servidão e um dia rompeu as amarras paternas e foi instalar-se com um pequeno negócio num ponto novo, de boa passagem, perto da desembocadura do rio Piúma. Foi a sua sorte. O sítio desenvolveu-se e, poucos anos depois, Costa Beiriz era um dos homens notáveis da terra. […] Entretanto, dá-se a grande emigração italiana para o Brasil devido à ocupação dos estados Pontifícios. Milhares de famílias chegam ao Brasil, na mais lamentável miséria; muitas são despejadas nos portos sem qualquer destino. É perante esta situação trágica que Costa Beiriz vai mostrar toda a capacidade e espírito de colonizador. Acolhe essas famílias e distribui-as pelas suas terras, muitas delas incultas e desabitadas. […]
Morre a 14 de Fevereiro de 1911, com 68 anos de idade e seus familiares há muito que radicaram na cidade de Vitoria Capital do Estado de Espírito Santo.
O Prior Manuel Martins Gonçalves da Silva
Nasceu em 27 de Fevereiro de 1854 e foi registado com o nome de Manuel Martins do Eirado e Silva. Sendo o filho mais velho de uma grande casa agrícola, quiseram os pais fazê-lo herdeiro do casal mas as tendências do jovem não ajustavam ao arado e aí pelos 14 ou 15 anos vemo-lo a estudar latim em Vila do Conde. Em Janeiro de 1885 está em Beiriz, com os estudos do Liceu concluídos e disposto a matricular-se no Curso Teológico com o fim de se ordenar sacerdote. […] Por essa altura, já o nosso jovem travava uma luta interior que, em princípio, iria decidir o seu futuro. […] No contexto familiar, o casamento vinha repor o projecto paterno. […], o casamento de Manuel Martins do Eirado e Silva com Marcelina Rosa Loureiro realizou-se, na Igreja de Beiriz, em 19 de Outubro de 1885, […]. O novel casal prelibou o néctar da efémera ventura por curto tempo. Desse encanto de quarenta e quatro semanas brotou um rebento débil que sucumbiria meia hora após o nascimento. Dois dias depois, o tétano devorava a própria mãe. […] o recém viúvo apareceu a bater às portas do Seminário de Braga pedindo admissão no Curo Teológico com o firme propósito de se preparar para o sacerdócio. Em Junho de 1889 ordenava-se Presbítero e logo a freguesia de Beiriz de engalanou para o receber festivamente no dia da Missa Nova celebrada na festa do Coração de Jesus, […]
Veio a falecer no ano de 1914. Com apenas cinquenta anos de idade.
Dona Ilda Brandão Miranda
Nasceu na Baía (Brasil) mas foi educada em Lisboa. Contudo, Beiriz foi sempre a sua terra, a terra de seus antepassados; a terra que amava, onde casou, viveu e morreu. […]
D. Ilda soube apanhar o momento de dar materialidade a essa vocação artística. Ele surgiu, infelizmente, envolto no tule violáceo da paixão quando, jovem esposa, perdeu um dos frutos do seu amor. […], abre-se ao contacto coma gente simples do campo, descobre na singeleza dos motivos de inspiração popular uma rara beleza e recria-os nos primeiro desenhos para uma nova artesania, que mais tarde haveria de consagrar-se nos afamados tapetes de Beiriz, elemento enriquecedor das artes decorativas portuguesas.